Um recorte do Share of Ear 2020, levantamento especial da Edison Research que mapeia o consumo de áudio nos Estados Unidos, pode apontar o celular como uma espécie de 'novo rádio para o mercado, já que o veículo não apresentou mudanças em seu alcance (segue acima de 90%). Segundo o estudo, 30% de todo o tempo gasto ouvindo áudio por pessoas com mais de 13 anos nos EUA ocorre através de um dispositivo móvel. Para se ter uma ideia desse avanço, em 2014 o volume era de 18%. Já o receptor FM/AM tradicional corresponde pela maior fatia: 35%.
O levantamento pode gerar uma série de questionamentos e discussões por possibilitar diferentes interpretações. É fato que ano após ano os dispositivos móveis ganham em volume no consumo de áudio, enquanto os receptores de rádio AM/FM diminuem a sua liderança entre todos os aparelhos. E essa diferença chegou ao menor volume histórico em 2020, ano da pandemia do novo coronavírus.
Péssima notícia para o rádio? Depende. O levantamento Share Of Ear lembra que os dispositivos móveis também possibilitam o acesso ao conteúdo linear de rádio, seja via streaming ou via FM (a depender do modelo). Outro ponto: os smartphones estão possibilitando o rápido crescimento no consumo de plataformas de áudio, ou seja, o universo de pessoas ouvindo algo é maior do que anos anteriores.
"Os dispositivos móveis, particularmente, é claro, o telefone, vêm ganhando no receptor de rádio tradicional como o principal dispositivo auditivo há tanto tempo que medimos Share of Ear, mas com as interrupções do ano passado a diferença diminuiu drasticamente", fala do presidente da Edison Research, Larry Rosin, em um comunicado e destacado pelo portal norte-americano Inside Radio. "À medida que menos pessoas têm um receptor de rádio padrão em suas casas atualmente, naturalmente mais audição vem através de dispositivos digitais", completa o executivo.
O portal Inside Radio, ao repercutir a pesquisa, também lembra do cuidado que é necessário ao interpretar os dados do Share Of Ear: "Tenha em mente que essas estatísticas falam apenas com o dispositivo, não com o produto de áudio fornecido pelo dispositivo. Dispositivos móveis podem fornecer uma ampla gama de produtos de áudio, incluindo programação de estações de rádio", destaca a publicação, que completa dizendo que "a empresa de pesquisa diz que será necessária uma análise de dados adicionais no próximo ano para ver se esses hábitos de áudio permanecem após a quarentena".
Também em crescimento no Brasil, iniciativas como disponibilizar o acesso ao streaming de áudio das emissoras através de várias aplicações em smartphones e a inclusão do chip FM nos celulares tendem assegurar o fácil acesso ao conteúdo de rádio no mercado brasileiro.
Fonte: TudoRádio