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Painel debate o futuro do rádio

O rádio não vai morrer. Essa foi a principal mensagem do painel promovido pela Fenaert, durante o 20 Festival Mundial de Publicidade de Gramado, para debater as transformações pelas quais o veículo vem passando nos últimos anos, com a chegada das novas mídias e tecnologias. "Desde que surgiu, há mais de 100 anos, o rádio só sobreviveu porque soube se reinventar. E ele continuará se reinventando porque não tem medo do futuro", destacou o pesquisador de mídia e comunicação, jornalista e professor do Rio de Janeiro, Fernando Morgado.

Para Morgado, o futuro do rádio passa pela ampliação da oferta e do conteúdo ao vivo, que justificaria um maior tempo de permanência do ouvinte. "O ao vivo faz com que a pessoa permaneça ligada ao longo do dia". Esse, para ele, também é um dos desafios das rádio musicais. "Não acredito em uma rádio no automático. Acredito que elas devam se transformar em plataformas mais amplas de relação com suas audiências. Neste sentido, as 'falas' também deverão aumentar', prevê.

Na avaliação do comunicador Cláudio Brito, o grande desafio é e sempre foi dar ao cliente aquilo que ele quer. "Ou até mesmo, o que ele nem descobriu ainda que quer". "Quem faz o rádio tem que encontrar esse viés. A solução para atender, surpreender o cliente", avalia.

O rádio é meio, não plataforma, lembrou Brito. "Antigamente, era só eu e o microfone. Hoje, debato com os ouvinte através das redes digitais. Quem sabe no futuro, nós comunicadores, seremos personagens? Ou, de repente, não teremos grade na programação? Essa inquietação é e vai continuar sendo constante. O rádio se renovará no acesso, na mensagem, mas não vai morrer," acredita.

No entanto, Brito alertou para os cuidados com os aspectos regulatórios que regram o meio. "A realidade regulatória não acompanha a tecnologia," sinalizou.

Estimulados pelo mediador, professor Luiz Artur Ferraretto, sobre o papel do comunicador nos dias atuais, Morgado respondeu que houve uma transformação no papel desse profissional. "Eles ganharam mais peso e, de certa forma, deixaram as emissoras reféns". Segundo o pesquisador de mídias, os comunicadores são o elo entre o ouvinte e o rádio. Hoje, o papel do comunicador é muito mais do que a manutenção da audiência. É de transferir a sua credibilidade e força, em parte, aos anunciantes", avalia.

Ainda de acordo com Morgado, esse perfil se tornou ainda mais complexo porque ele está conectado com outras mídias e precisa transferir essa credibilidade também nesses canais. "O que vejo, nos últimos tempos, é uma tentativa de diluir essa força do comunicador colocando mais de um profissional no mesmo programa, com perfis diferentes, formando um conjunto. Mas isso também é difícil de fazer".

Indagados sobre os motivos de se investir no rádio, Morgado ressalta a sua força e amplitude. "Nenhum outro veiculo vai tão longe e chega tão perto. Consegue falar com todo o mundo e com cada um. E porque ele é emoção. E a emoção é o que mais vende".

Visão compartilhada pelo colega de mesa, Cláudio Brito. "Se quer trabalhar com paixão, com emoção, tem que trabalhar com o rádio", definiu Brito, que deu o recado final: "Atenção, futuro! Venha que o rádio está te esperando".

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